sábado, 19 de fevereiro de 2022

REPONTANDO DATAS

 

                                        A POESIA DE AMÂNDIO BICCA 

Hoje a Estância da Poesia Crioula homenageia um de seus fundadores, o poeta regionalista Amândio Bicca Quintana, nascido em Las Piedras (Canelones), Uruguai, em 07 de setembro de 1912 e falecido em Porto Alegre no dia 19 de fevereiro de 1990. 

 

SAUDADE

(Autor: Amândio Bicca Quintana)

                          

Saudade é armada de laço

que aos poucos vai apertando,

enquanto a gente sonhando

com a liberdade passada,

não sente o aperto da armada

que aos poucos nos vai matando.

 

É tapera abandonada

no fundo de algum rincão.

Saudade é água passada

que deixa valos no chão,

é cruz de angico cravada

no alto de um coxilhão.

 

Saudade é coice certeiro

do tordilho de confiança,

cornada de vaca mansa,

punhalada traiçoeira

que embora a gente não queira

deixa a marca por lembrança.

 

A brasita que se esconde

entre as cinzas do fogão

conserva quente o galpão

onde o passado se apeia.

Saudade é brasa vermelha

nas cinzas do coração.




Nenhum comentário:

Postar um comentário