A POESIA DE AMÂNDIO BICCA
Hoje a Estância da Poesia Crioula homenageia um de seus fundadores, o poeta regionalista Amândio Bicca Quintana, nascido em Las Piedras (Canelones), Uruguai, em 07 de setembro de 1912 e falecido em Porto Alegre no dia 19 de fevereiro de 1990.
SAUDADE
(Autor: Amândio Bicca Quintana)
Saudade é armada de laço
que aos poucos vai apertando,
enquanto a gente sonhando
com a liberdade passada,
não sente o aperto da armada
que aos poucos nos vai matando.
É tapera abandonada
no fundo de algum rincão.
Saudade é água passada
que deixa valos no chão,
é cruz de angico cravada
no alto de um coxilhão.
Saudade é coice certeiro
do tordilho de confiança,
cornada de vaca mansa,
punhalada traiçoeira
que embora a gente não queira
deixa a marca por lembrança.
A brasita que se esconde
entre as cinzas do fogão
conserva quente o galpão
onde o passado se apeia.
Saudade é brasa vermelha
nas cinzas do coração.
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