quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 



O BOLEADOR 
- Bernardo Taveira Junior - 


E o destro campeiro na fúria indomável,
seguindo o cavalo que vai a fugir,
as pedras meneia com braço de ferro,
enquanto as não deixa certeiras partir.

E a certa distância que mede co'a vista,
o impulso tenteia visando o bagual,
e após, lá consigo, contando com a presa,
desprende o seu tiro terrível, fatal!

E as pedras tremendas fungando no espaço,
lá vão zig-zigs formando no ar,
lá vão implacáveis cair como um raio
na frente do bicho que intenta escapar.

E as pernas das bolas o bicho mal sente
nas mãos lhe tocarem, priscando coiceia,
e quanto mais prisca, coiceia ariscado,
mais ele se enreda, nas bolas se enleia.

E os fortes campeiros que adoram proezas
soltaram mil vivas naquela amplidão;
Um tiro de bolas há muito não viam
com mais bizarria, com mais perfeição.


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O NATAL NA VISÃO DE PAIXÃO CÔRTES

 




O saudoso folclorista João Carlos Paixão Côrtes sempre condenou as encenações natalinas nas quais o Papai Noel aparece vestido com trajes típicos gaúchos. 'Isso não existe', cutucava o historiador que, junto com Barbosa Lessa, é responsável pela maior garimpagem de temas folclóricos e populares do Rio Grande do Sul, incluindo danças, culinária, trajes e instrumentos musicais.

A figura do velhinho surgiu no Rio Grande do Sul após a 1ª Guerra Mundial, baseada em um santo (São Clauss para os nórdicos europeus) da Igreja Católica. 'Foi criado pelo desenhista Tomas Nast, que se inspirou em um poema de seu compatriota norte-americano Clemente Clark Moore.' Dizia Paixão Côrtes: a indústria comercializa e profaniza essa figura. 'Nast deu-lhe forma, traços e cores, restaurou a cor vermelha da roupa do velho bispo Nicolau e acrescentou uma capa também rubra. O caricaturista inventou um gorro vermelho e, mais tarde, a roupagem de inverno foi simplificada para um gibão, uma espécie de calça abombachada.

De acordo com o folclorista, os organizadores dos eventos precisam valorizar o Natal tipicamente gauchesco, abandonando pinheiros europeus, trenós e roupas de lã. 'O verdadeiro Natal Gaúcho é uma festa da família, onde se comemora o nascimento de Cristo diante de um presépio, representativamente, com a presença do Menino Jesus na manjedoura, com burrico, vaquinha, ovelha, cânticos fundamentados em mensagens de um cristianismo puro e singelo, anunciando a chegada dos Reis Magos', ensina o pesquisador.

Paixão criticava nomes utilizados em algumas encenações como 'Guri de Nazaré' ou 'Prenda do Céu'. Querem agauchar a religião'Sempre que se aproxima o fim do ano, vejo entristecido que a querência vai se deixando envolver, mais pelas fantasias das luzes da cidade, pela ambição de um certo comércio, sedento de grandes lucros. Refiro-me ao PAPAI NOEL e ao NATAL. 

Aliás, da América Latina, é, mais frequente no Brasil, que aparece a figura, misto de "Lucifer-santo", atemorizando as crianças travessas e faltosas, prometendo-lhes varas de marmelo e, quase ao mesmo tempo, com um saco de brinquedos às costas, estende a mão aos guris comportados, oferecendo-lhes "bondosamente" presentes. Na maioria dos demais países sul-americanos, não encontramos Papai Noel distribuindo presentes no Natal, como acontece em nosso país.

A verdadeira tradição natalina rio-grandense é aquela em que se comemora o dia do nascimento de Cristo, diante de um presépio, com Menino Jesus na manjedoura, com burrico, vaquinha, ovelha, cânticos, anunciando a chegada dos Reis Magos...  Este é o verdadeiro NATAL GAÚCHO Festa da família. "Dia de Navidad" como denominam os países de língua espanhola na América do Sul.  Qual a razão do renascimento do culto de uma árvore, tão difundido entre os povos mais primitivos? De onde é, este tipo de pinheiro, estranho ao nosso, que se desenvolve em determinadas regiões do Brasil?

Imaginem só! No mais forte do verão, aqui, um Papai Noel vestido com grossas roupas de lã, capuz, todo respingado de neve, descendo, de botas, de uma chaminé ou sentado em um trenó, puxado por gamos...  Velinhas e bolinhas coloridas completam os enfeites das mesas onde são servidas nozes, tâmaras, torrones, chocolates, ameixas secas, passa, etc, alimentos de alto teor calorífico, próprios para o inverno, em pleno clima europeu...  Tudo isso num país tropical como o Brasil!!!

Entretanto, tentemos encontrar, na história universal das festividades natalinas, algumas explicações para o surgimento de certos acontecimentos, hoje vividos em muitos rincões do mundo.

O nosso homem do campo desconhece as comemorações do natal à maneira como hoje são usuais nas cidades, como uma árvore de neve, enfeitada, e de presentes ansiosamente esperados, com um Papai Noel atemorizando os guris travessos ou fazendo elogios ao bom filho. Isto não quer dizer que no campo os homens tenham se esquecido das mensagens cristãs de Natal, a entrada do Ano Novo e o Dia de Reis. Se o dia primeiro de janeiro é festivamente assinalado por um churrasco e "ressacas", não menos vibrantes são os festejos de Natal, com os "Ternos de Reis" - grupos musicais que anunciam, de rancho em rancho, de casa em casa, o nascimento do Salvador.

O objetivo desta visita varia de um terno para outro: alguns visam unicamente louvar a memória de Jesus Menino; outro terno visa propiciar aos cantadores uma doce retribuição ao desgaste de suas cordas vocais, através de fartos comes e bebes que os donos da casa nunca se esquecem de oferecer. Finalmente, há aqueles que, oprimidos pelas necessidades materiais que muitas vezes afligem nossos trabalhadores rurais, saem "pedindo os reis", na certeza de que ao menos no campo ainda não se esqueceram de toda as lições de fraternidade que Cristo legou aos nossos homens de bem.


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

PADRE PAULO ARIPE, O "POTRILHO".

 

Foto rara do Padre Paulo Aripe


Há poucos dias nosso blog postou uma matéria sobre os Padres Poetas. Dentre estes, talvez um dos mais destacados tenha sido o Padre Paulo Aripe, mais conhecido como o Potrilho. Membro fundador da Estância da Poesia Crioula, Paulo Aripe foi coautor, em parceria com o Bispo Dom Felipe de Nadal, da conhecida Prece do Gaúcho. Excelente poeta também consagrou-se ao ministrar missas crioulas, principalmente na região de Alegrete. 
 


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

FUNDO DE INVERNADA

 


(Silvio Aymone Genro)



Fundo de Invernada

Fim de caminho,
Fundo de invernada;
Lugar onde o tempo demora a passar...
Asilo do pago,
Cemitério de ossadas,
Daqueles que esperam sua hora chegar.

Onde os touros velhos
Remoem silêncios
E a solidão se esconde entre os caraguatás...
Os pássaros pousam
No lombo do gado
E até as diferenças convivem em paz.

Fundo de invernada,
Retiro esquecido,
Dos matungos velhos e sem serventia...
Onde a liberdade
É uma conquista inútil
De quem, preso às rédeas, já foi livre um dia.

Que estranho é o destino
Que leva a nós todos,
Pelo mesmo rumo que conduz ao nada...
E ao final da vida,
Bichos e gentes,
Acabam no fundo da mesma invernada.

Quando nosso mundo
Se cansa de nós
E condena todos ao mesmo abandono,
A própria esperança
Envelhece com a idade
E até da saudade não somos mais donos.

Fundo de invernada,
Rumo sem volta,
Onde os calendários negam-se a contar...
E as flores do campo
Enfeitam-se inúteis,
Pra os que já perderam o encanto do olhar.

Universo a parte,
Onde seca a poesia
E a lua no céu é uma lua, somente...
E até os por de sóis
Vão desbotando aos poucos,
Perdendo suas cores de antigamente.

Fundo de invernada,
Final de caminho,
Lugar onde cresce silêncio e capim...
Exílio daqueles
Que ficam sozinhos,
Último pouso antes do fim.


domingo, 19 de dezembro de 2021

OS PADRES POETAS

 

Como hoje é domingo mas não temos missa presencial, vamos falar um pouco sobre alguns padres versejadores da cultura gaúcha.  Os vates sacerdotes. Eu conheci quatro, mas deve ter bem mais. O Padre Paulo Aripe, o Potrilho do Alegrete, o Bispo Dom Luiz Felipe de Nadal, Amadeu Gomes Canellas, ainda entre nós, e o Padre Pedro Luis, autor do livro O Gênio do Pampa, obra que guardo na cabeceira de meu catre. Todos integrantes da Estância da Poesia Crioula. 




Pedro Luis Bottari nasceu no interior de Santa Maria no dia 29 de junho de 1905 e faleceu e ali no dia 23 de agosto de 1983. Segundo consta à página 28 do livro Italianos no Brasil: Contribuições na Literatura e nas ciências: séculos XIX e XX, de Antônio Mottin e Enzo Casolino (Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999) publicou as seguintes obras: Modelo de Mãe ou Vida da Beata Ana Maria Taigi, em 1933; Cabriúna, poema, em 1950; O monumento, poema, em 1951; O Gênio do Pampa, poema cíclico do Rio Grande, em 1958; O diamante negro de Canoas – Tio Bastião Coelho, biografia, em 1960, e Pedro Tropeiro, poemeto, em 1971.

Religioso da Congregação de São Vicente Pallotti, exerceu suas atividades sacerdotais em diversas cidades, como Santa Maria, Cruz Alta e Porto Alegre, sempre se destacando nas comunidades onde viveu, tanto pelo seu ativismo como sacerdote como pelas iniciativas culturais.

Durante a fundação da Estância da Poesia Crioula salientou-se pelas intervenções, todas fiéis aos princípios preconizados pela Igreja Católica, e pelas preocupações com a preservação da memória histórica e cultural do Rio Grande do Sul. Tenho do poema O Gênio do Pampa – Poema Gaúcho a terceira Edição (Santa Maria: Livraria Editora Pallotti, s/d), com IMPRIMATUR datado de 25 de abril de 1958.

O Padre Pedro Luis conta no prefácio que escreveu para O Gênio do Pampa, que seu amor pelo Rio Grande nasceu quando, ainda menino, “mercadejava por Val de Serra os frutos da terra e outras traquitandas, cada semana”, ao lado do seu pai. Lembra as figuras dos negros “Dorotéio”, cujo verdadeiro nome era Doroteu, e de “siá Maria José de Oliveira, vulgo Maria Doceira – pau de coronilha, seu! – velha escrava do General Firmino de Paula”. Foi nesse ambiente campestre, entre a Serra e a Campanha, que se plasmou a personalidade lírico-épica do futuro poeta.

Sobre o Padre Luis Bottari, pesa, ainda, a influência de D. Aquino Correia (1885-1956), que pertenceu à Academia Brasileira de Letras, de 1926 até seu falecimento, como titular da Cadeira 34. O Arcebispo de Cuiabá, durante várias décadas, se tornou modelo para inúmeros poetas que passaram pelos seminários católicos, contribuindo para consolidar a influência parnasiana.

O Gênio do Pampa é a história do Rio Grande do Sul em versos. As notas que Padre Pedro Luis apõe aos seus versos demonstram um profundo conhecimento da historiografia sul-rio-grandense, até meados da década iniciada em 1950. O poema é todo escrito em redondilha maior (sete sílabas métricas), como a grande maioria da gauchesca.

Entretanto, enquanto os demais poetas do subgênero acentuam, mormente, na quarta e sétima sílabas, o poeta santa-mariense o faz na terceira e na sétima sílabas, o que confere um ritmo mais lento no seu versejar. Isso dá a impressão de que seus versos têm mais sílabas métricas do que apresentam. Trata-se de recurso, tipicamente “parnasiano”, para aproximar a redondilha do decassílabo, metro tradicional da poesia épica, apenas perceptível aos conhecedores das técnicas de versificação. Por outro lado, a maior parte do “Poema Gaúcho” é dividida em pequenos poemas, outra demonstração do domínio do poeta sobre a arte da versificação.

Poema do Padre Pedro Luis, que consta às páginas 127 e 128 de O Gênio do Pampa.

O PIÁ DA ESTÂNCIA

Mora um piá em cada estância,
Piá de marca primitiva,
Que na vida, desde a infância,
Só vê triste perspectiva.
Mártir de aspas e terneiros,
Anda sempre em roda viva,
Como os zainos tafoneiros.

Vai descalço. Aberto o peito
Da camisa, nada zela;
De chapéu tapeado a jeito;
Calça lôbrega e amarela.
Letras, zero; lume, escasso;
Fuma oculto, com cautela,
E usa à cinta um palmo de aço.

Galopim de cem recados,
Guarda de almas, cusco e aves,
Sofredor de maus bocados;
Cria espúria de ares graves;
Corre à voz que grita e espinha;
Ceva o mate atalha entraves,
E resmunga na cozinha.

Velha vítima dos gritos,
Sonha um lenço colorado;
Traz os ecos dos aflitos,
E, qual fungo de silvado,
Cresce à toa e na desgraça,
Mas já pensa, consolado,
Desquitar-se na cachaça.

Órfão de almas, sem afeto,
Sem perfume de linguagem,
No galpão está sem teto,
Junto aos cães, que não reagem.
Come a um canto a vil merenda...
Flor crioula da paisagem,
Vive à margem da fazenda.


sábado, 18 de dezembro de 2021

VOCABULÁRIO PAMPEANO

  

SEGUNDO JAYME CAETANO BRAUN


CULATRA

Culatra é parte traseira 

da carreta, o recavém.

É retaguarda, também,

de uma tropa em movimento

que se vai cortando o vento

aos gritos dos culatreiros.

Também gritam os "costaneiros",

logo adiante seguidores. 

Os dos flancos são "fiadores"

e os da frente são "ponteiros".


NEGAR O ESTRIBO

É o mesmo que a negada 

do meu preto pangaré

na hora que ergo o pé

para montar a cavalo.

Negar acordo, abalo

da segurança e da fé. 

Pode se dizer, até, 

o faltar de um compromisso,

não terminar um serviço,

como quem dá marcha ré...  



sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

MEMBROS DA EPC QUE MARCARAM ESTA DATA

 DE 17 DE DEZEMBRO 




 No dia 17 de dezembro, do ano de 1905, 
nascia em Cruz Alta Érico Veríssimo. 
 
Érico Lopes Veríssimo nasceu em Cruz Alta, em 1905 e faleceu em Porto Alegre, em 1975. Concluiu o 1º grau (antigo ginásio) em Porto Alegre. De volta a sua cidade natal, empregou-se no comércio, foi bancário e sócio de uma farmácia. Em 1930, transferiu-se para Porto Alegre, onde, depois de trabalhar algum tempo como desenhista e de publicar alguns contos na imprensa local, empregou-se na Editora Globo como secretário do Departamento Editorial. Viajou duas vezes aos Estados Unidos, onde ministrou cursos de literatura brasileira.

OBRAS

Romance: Clarissa(1933); Caminhos cruzados(1935); Música ao longe(1935); Um lugar ao sol(1936); Olhai os lírios do campo(1938); Saga(1940); O resto é silêncio(1942); O tempo e o vento: I - O continente(1948), II - O retrato(1951), III - O arquipélago(1961); O senhor embaixador(1965); O prisioneiro(1967); Incidente em Antares(1971).

Conto e novela: Fantoches(1932); Noite(1942).

Memórias: Solo de clarineta I(1973); Solo de clarineta II(1975).

Publicou ainda várias obras de ficção didática e literatura infantil, além de narrativas de viagens.

CARACTERÍSTICAS DA OBRA

Costuma-se dividir a obra de Érico Veríssimo em três grupos:

1) Romance urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga e o Resto é silêncio. As obras desta fase registram a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas.

Desta fase destaca-se Caminhos cruzados, considerado um marco na evolução do romance brasileiro. Nele, Érico Veríssimo usa a técnica do contraponto, desenvolvida por Aldous Huxley (de quem fora tradutor) e que consiste mesclar pontos de vista diferentes (do escritor e das personagens) com a representação fragmentária das situações vividas pelas personagens, sem que haja no texto um centro catalisador.

2) Romance histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O continente), narra a conquista do continente de São Pedro pelos primeiros colonos e é considerado o ponto mais alto de sua obra.

3) Romance político: O senhor embaixador, O prisioneiro e Incidente em Antares. Escrito durante o período da ditadura militar, iniciada em 1964, denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Desta série destaca-se Incidente em Antares.
 
 
 
Também num dia 17 /12, do ano de 1978 morria Lauro Rodrigues.
 
 
Lauro Pereira Rodrigues nasceu no Distrito de Santo Amaro do Sul, em 1918, e morreu afogado nas águas do Rio Jacuí em 17 de dezembro de 1978.
 
Foi poeta membro da Estância da Poesia Crioula. Exerceu atividades de jornalista, radialista e político; foi vereador em Porto Alegre e deputado federal pelo Rio Grande do Sul.
 
Em 1935 apresentou na Rádio Sociedade Gaúcha o primeiro programa de atrações regionalistas no Rio Grande do Sul, Campereadas, no qual surgiu Pedro Raymundo.
 
Em 1958 Lauro Rodrigues volta ao rádio de segunda a sexta, das 8h30 às 9h30, no programa Roda de Chimarrão na Rádio Farroupilha que, além da ênfase no tradicionalismo, falava de assuntos rurais e urbanos de Porto Alegre. 
 
Obra poética: Invernada Vazia, 1944; Minuano, 1944, A Ronda dos Sentimentos, 1944; Senzala Branca, Chirus, 1958; A Canção das Águas Prisioneiras, 1978.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

ENTIDADES LITERÁRIAS CO-IRMÃS DA EPC

 

PARTENON LITERÁRIO




Da mesma forma que a Academia Rio-Grandense de Letras, o Partenon Literário não é uma entidade voltada exclusivamente para o regionalismo gaúcho. Contudo é inegável o pioneirismo e a importância que teve no contexto poético rio-grandense.

A Sociedade Parthenon Litterário foi criada em 18 de junho de 1868, num período de efervescência social e política, com a Guerra do Paraguai em andamento, as ideias republicanas em expansão e uma forte retomada do movimento abolicionista.

Sediada em Porto Alegre, contava com colaboradores de toda província, promovendo um intercâmbio cultural que impulsionou a intelectualidade da época. Sua criação foi centrada em duas figuras: o médico e escritor José Antônio do Vale Caldre e Fião, presidente honorário, e o jovem Apolinário José Gomes Porto-Alegre. Caldre e Fião além do apoio à iniciativa, emprestou seu prestígio pessoal, pois era autor conhecido. Já Apolinário foi fundamental com sua atuação e postura.

Seu surgimento permitiu o intercâmbio de informações, textos e ideias entre os autores membros, promovendo a circulação de matérias literárias em diferentes jornais que percorreram os mais distantes recantos do Rio Grande do Sul. Sua atuação ajudou a expandir a cultura dos gaúchos, oferecendo cursos noturnos para adultos, mostrando sua preocupação com a formação intelectual da população e criando uma biblioteca com importantes obras de Filosofia, história e literatura e um museu com seções de Mineralogia, Arqueologia e Zoologia. As aulas noturnas foram uma das atividades mais duradouras, permanecendo até 1884 quando, devido à dificuldades financeiras e falta de um local para abrigar as aulas, estas foram suspensas.

A Sociedade participava de campanhas abolicionistas, angariando fundos para libertação de escravos e propagava os ideais republicanos. Promovia também debates com temas diversos como a Revolução Farroupilha, casamento, pena de morte e feminismo.

Ao longo de sua existência funcionou em diversos locais, sem nunca ter tido sede própria. Em novembro de 1873, numa cerimônia em que estiveram o presidente da província, João Pedro Carvalho de Moraes e o bispo de Porto Alegre, houve uma primeira tentativa de fundação de um espaço próprio, em uma região, na época, distante do centro da cidade, que deu o nome a um dos atuais bairros de Porto Alegre, o Partenon. A sede seria onde hoje é a Igreja Santo Antônio. Outra tentativa deu-se em 10 de janeiro de 1885, com presença da princesa Isabel e o Conde D'Eu, lançou-se a pedra fundamental de um edifício que seria localizado na rua Riachuelo.

O Partenon Literário precedeu em 30 anos a academia Brasileira de Letras, publicando diversas obras, bem como a tradicional Revista Literária, ora em formato de livro, seu legado mais forte. A Revista circulou durante dez anos e continha críticas literárias, biografias, comentários, editoriais e estudos sobre a história e cultura gaúchas. Discursos proferidos na Sociedade eram depois transcritos para a revista, além de contos, narrativas, peças teatrais e poesias. Os textos mais longos eram divididos em diversas partes e publicados ao longo de diversos números.

Entre os membros de destaque da sociedade pode-se citar: Apolinário José Gomes Porto-Alegre, seus irmãos Apeles e Aquiles, Afonso Luís Marques, Alberto Coelho da Cunha (Vítor Valpírio), Antônio Vale Caldre Fião, Argemiro Galvão, Augusto Rodrigues Tota, Aurélio Veríssimo de Bittencourt, Bernardo Taveira Júnior, Bibiano Francisco de Almeida, Carlos von Koseritz, Francisco Antunes Ferreira da Luz, Francisco Isidoro de Sá Brito, Hilário Ribeiro, Inácio de Vasconcelos Ferreira, José Bernardino dos Santos, João Damasceno Vieira Fernandes, José Carlos de Sousa Lobo, Lobo da Costa, Múcio Scevola Lopes Teixeira, dentre inúmeros outros. Entre as mulheres se destacaram Luciana de Abreu,a primeira mulher a subir na tribuna para falar em público, Luísa de Azambuja, Amália dos Passos Figueroa e Revocata Heloísa de Melo.

A sociedade foi extinta por volta de 1925, mediante a doação de terreno que tinha obtido para a construção de sua sede, pois de fato já deixara de existir desde 1885 quando paralisou os trabalhos associativos.

Depois de 112 anos, reiniciou as suas atividades em 1997 a partir de um grupo de intelectuais interessados em prosseguir com os postulados dos próceres de 1868. Juridicamente, no entanto, apesar de dizer-se que a Sociedade reiniciou as suas atividades em 1997, o que houve, na verdade, foi a re-fundação da extinta entidade, ora dita em sua fase Século XXI.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2021



Darcy Fagundes - Romance do Injustiçado


 

DIA DO(A) DECLAMADOR(A) GAÚCHO(A)

 

Darcy Fagundes nasceu em Uruguaiana em 15/12/1925

A lei que define o dia 15 de dezembro como o Dia do(a) Declamador(a) Gaúcho(a), foi sancionada pelo Governador Eduardo Leite no dia 5 de agosto de 2019. Seus autores foram a deputada Regina Becker e o deputado Dirceu Franciscon. A data do dia 15 foi escolhida pelo nascimento de Darcy Fagundes da Silva, profissional da comunicação que consagrou a declamação e a temática do regionalismo gaúcho na história do rádio e da televisão.


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

DOCES LEMBRANÇAS

 


Saudosos confrades da nossa Estância da Poesia Crioula Luis Alberto Ibarra recitando um poema amadrinhado pelo Paulinho Pires e sua gaitinha de boca. 


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

ENTREGA DA COMENDA "CAMINHOS DE ANITA"

 


Em cerimônia realizada hoje pela manhã no Palácio Piratini foram entregues as comendas aos classificados no Concurso Literário Caminhos de Anita, promovido e organizado pela Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas de 2021. No flagrante o vencedor, poeta Cândido Brasil.   


sábado, 11 de dezembro de 2021

MOSTRA DE POEMAS

 


DO SEMINÁRIO POÉTICO-MUSICAL

DE PASSO FUNDO



- OBRAS CLASSIFICADAS - 


AQUARELA PAMPIANA  

Autor: Jerson Lima de Brito 

Porto Velho - Rondônia 


ENDUETANDO ASSOBIOS 

Autor: Carlos Omar Villela Gomes 

Nicolau Vergueiro - RS


EU TE PERDI 

Autor: Rodrigo Bauer 

São Borja - RS


LEQUES E RECADOS 

Autora: Joseti Gomes

 Gravatai - RS


MENSAGEM DOS REIS

Autor: Wilson Tubino 

Porto Alegre - RS


NO GAUCHISMO E SEU CHÃO 

Autor: Silvano Lyra 

Olinda – Pernambuco


PARA PINTAR O CÉU 

Autor: Adriano Lima 

Tramandaí - RS


PUREZA

Autora: Suelen Mombaque Schneider 

Nicolau Vergueiro - RS


SEM ELA 

Autor: Rodrigo Canani Medeiros 

Bom Jesus  - RS


TRIBUTO A JAYME CAETANO 

Autor: Marciano Medeiros 

Natal - Rio Grande do Norte


Avaliadores: Luis Lopes de Souza (poeta), Romeu Weber (declamador) e Léo Ribeiro (poeta).