domingo, 27 de fevereiro de 2022

27 DE FEVEREIRO / MORRE ZENO CARDOSO NUNES

 



No dia 27 de fevereiro de 2011 faleceu o poeta Zeno Cardoso Nunes. Zeno nasceu em 15 de agosto de 1917 sendo natural de São Francisco de Paula e foi, por duas gestões, presidente da Estância da Poesia Crioula. Ocupava a cadeira 27 da Academia Rio-Grandense de Letras. Autor de diversos livros, escreveu, juntamente com seu mano Rui Cardoso Nunes, o Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, um dos livros gauchescos mais vendidos de nossa terra. Destacava-se, entre centenas de belíssimos poemas de sua marca, o conhecidíssimo Briga de Touros: ...Dentre aquela sentida orquestração / destacou-se um mugido forte e grosso / que reboou plangente no rincão: / Era o berro do touro brasileiro/lamentando o destino do estrangeiro / que quisera ser dono do seu chão.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

22 DE FEVEREIRO - NASCE AURELIANO

 

Num dia 22 de fevereiro, do ano de 1845, David Canabarro promove uma reunião do Conselho dos Generais Farroupilhas, em Ponche Verde, Dom Pedrito, para tratar do prosseguimento ou não da Guerra dos Farrapos quando se resolve pelo fim da contenda.

Também num dia 22 de fevereiro, do ano de 1904nascia em Quarai o grande Poeta Juca Ruivo e neste dia, no ano de 1983, morria, em Porto Alegre, o também poeta Pery de Castro, fundador e Presidente da Estância da Poesia Crioula.

Outro poeta falecido neste dia e mês, no ano de 1959, foi Aureliano de Figueiredo Pinto, indiscutivelmente, um dos maiores vates nativistas de nossa terra, de todos os tempos.

Aureliano de Figueiredo Pinto

Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas. Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.

A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo. Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes “Romances de Estância e Querência”.

Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.

O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe, quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria, seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas. Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.

Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30.

Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estreia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde. Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que “Bilac assinaria estes versos” O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.

Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina, lá cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava, do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam. A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.

Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.

Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade. Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.

Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.

Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas, espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto. Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.

Em 1963, é publicado “Ad Sodalibus” pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

ESTÂNCIA DA POESIA CRIOULA


POETAS FUNDADORES


ADILZA LAYDNER DE CASTRO


Poetisa lírica e regionalista, primorosa sonetista, trovadora, contista, musicista e cantora.

Nome Literário: Nilza Castro

Nasceu em Santa Maria, RS, 23/04/1911

Faleceu em Porto Alegre, RS, 1°/04/2002

Era casada com a Poeta Pery de Castro e eram considerados, ela, a Matriarca e ele, o Patriarca da Estância da Poesia Crioula. A entidade organiza um Concurso Nacional de Sonetos que leva o seu nome.

Pertenceu a diversas entidades culturais, entre as quais: União Brasileira de Trovadores, Grêmio Literário Castro Alves, Associação Santa Mariense de Letras e Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB).

É autora de uma série de músicas e letras regionalistas.

Colaborou no Correio do Povo e em vários jornais e revistas do País.

Tem participações em antologias e coletâneas de entidades culturais e citações em obras literárias e na imprensa.

OBRAS: Na Sombra da Ramada – Poesia (1987); Raqueteada de Trovas – Harmonia de Dois Cantos, em parceria com Adines Gavião (1996).


“ESTÂNCIA DA POESIA CRIOULA


Recordo aquela noite de invernia,

de encontros sorridentes e de abraços,

voto e presença de uma Academia

já ensaiando os primeiros passos.


Em cada coração que se expandia,

acendendo luzeiros nos espaços,

jorrava, aos borbotões, tema e poesia

na cadência pampeana dos compassos.


E foram desfilando os pajadores,

artífices do verso, contadores

das nossas lendas, das consagrações...


E a Estância da Poesia, enriquecida,

cultuando os ideais da arremetida,

gravou nas letras as nossas tradições!


Colaboração: Poeta Cândido Brasil 




sábado, 19 de fevereiro de 2022

REPONTANDO DATAS

 

                                        A POESIA DE AMÂNDIO BICCA 

Hoje a Estância da Poesia Crioula homenageia um de seus fundadores, o poeta regionalista Amândio Bicca Quintana, nascido em Las Piedras (Canelones), Uruguai, em 07 de setembro de 1912 e falecido em Porto Alegre no dia 19 de fevereiro de 1990. 

 

SAUDADE

(Autor: Amândio Bicca Quintana)

                          

Saudade é armada de laço

que aos poucos vai apertando,

enquanto a gente sonhando

com a liberdade passada,

não sente o aperto da armada

que aos poucos nos vai matando.

 

É tapera abandonada

no fundo de algum rincão.

Saudade é água passada

que deixa valos no chão,

é cruz de angico cravada

no alto de um coxilhão.

 

Saudade é coice certeiro

do tordilho de confiança,

cornada de vaca mansa,

punhalada traiçoeira

que embora a gente não queira

deixa a marca por lembrança.

 

A brasita que se esconde

entre as cinzas do fogão

conserva quente o galpão

onde o passado se apeia.

Saudade é brasa vermelha

nas cinzas do coração.




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

EPC PASSA A SER PRODUTORA CULTURAL

 

Um excelente notícia para os integrantes da Estância da Poesia Crioula e para os amantes da arte poética em geral. Ontem, dia 16, a entidade foi inscrita como produtora cultural no sistema Pró Cultura da Secretaria de Cultura do RS.

Num esforço de nosso Presidente Maxsoel Bastos de Freitas a EPC passará a ser produtora de seus próprios eventos e projetos com possibilidade de angariar recursos Públicos como o FAC, por exemplo, que no momento encontra-se com editais abertos. "Vamos, pela primeira vez, tentar subsidiar a nossa antologia", informou o Presidente.






 


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

 



PETIÇO     
Cyro Gavião

 
Esse petiço troncho que, ao passito,
Vem chegando co'a pipa, lá da fonte,
Foi quebra noutros tempos... foi bonito,
Foi mestre, num rodeio e num reponte.

Mas, hoje, nem o relho, nem o grito
Da gurizada já lhe altera a fronte
Indiferente a tudo, ao infinito,
A mais um dia que se lhe desconte.

Até dá pena ver esse sotreta,
Trocando perna, ao lado da carreta
Num caminhar tristonho, passo a passo...

Petiço velho,... jóia do meu pago!
Saudade amarga que, comigo, trago,
Espera,...qu'eu também sinto cansaço.