sábado, 29 de janeiro de 2022

GAÚCHO

 

Gravura: Rodolfo Ramos 



Fragmentos do poema GAÚCHO  de Antônio Augusto Fagundes  


Os moços de Porto Alegre

- escritores, jornalistas,

aqueles que sabem tudo,

ou pensam que sabem tudo...

disseram que já morreste.

Ou então que estás de a pé,

sem cavalo, sem bombacha,

sem bota, espora ou chapéu,

sem comida e sem estudo.

 

Moços da voz de veludo

e máquinas de escrever

produzidos no estrangeiro

dizem que tu, companheiro,

morreste ou estás mui mal

porque o êxodo rural

te atirou pelas sarjetas

sujo de pó e de barro

catando a toa cigarro

nos becos da capital...

 

E no entanto, estás vivo!

Estás vivo e trabalhando

e produzindo o que comem

esses moços do jornal.

 

Quem é gaúcho, afinal?



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