Gravura: Rodolfo Ramos
Fragmentos do poema GAÚCHO de Antônio Augusto Fagundes
Os moços de Porto Alegre
- escritores, jornalistas,
aqueles que sabem tudo,
ou pensam que sabem tudo...
disseram que já morreste.
Ou então que estás de a pé,
sem cavalo, sem bombacha,
sem bota, espora ou chapéu,
sem comida e sem estudo.
Moços da voz de veludo
e máquinas de escrever
produzidos no estrangeiro
dizem que tu, companheiro,
morreste ou estás mui mal
porque o êxodo rural
te atirou pelas sarjetas
sujo de pó e de barro
catando a toa cigarro
nos becos da capital...
E no entanto, estás vivo!
Estás vivo e trabalhando
e produzindo o que comem
esses moços do jornal.
Quem é gaúcho, afinal?
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