quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
O NATAL NA VISÃO DE PAIXÃO CÔRTES
A figura do velhinho surgiu no Rio Grande do Sul após a 1ª Guerra Mundial, baseada em um santo (São Clauss para os nórdicos europeus) da Igreja Católica. 'Foi criado pelo desenhista Tomas Nast, que se inspirou em um poema de seu compatriota norte-americano Clemente Clark Moore.' Dizia Paixão Côrtes: a indústria comercializa e profaniza essa figura. 'Nast deu-lhe forma, traços e cores, restaurou a cor vermelha da roupa do velho bispo Nicolau e acrescentou uma capa também rubra. O caricaturista inventou um gorro vermelho e, mais tarde, a roupagem de inverno foi simplificada para um gibão, uma espécie de calça abombachada.
De acordo com o folclorista, os organizadores dos eventos precisam valorizar o Natal tipicamente gauchesco, abandonando pinheiros europeus, trenós e roupas de lã. 'O verdadeiro Natal Gaúcho é uma festa da família, onde se comemora o nascimento de Cristo diante de um presépio, representativamente, com a presença do Menino Jesus na manjedoura, com burrico, vaquinha, ovelha, cânticos fundamentados em mensagens de um cristianismo puro e singelo, anunciando a chegada dos Reis Magos', ensina o pesquisador.
Paixão criticava nomes utilizados em algumas encenações como 'Guri de Nazaré' ou 'Prenda do Céu'. Querem agauchar a religião'. Sempre que se aproxima o fim do ano, vejo entristecido que a querência vai se deixando envolver, mais pelas fantasias das luzes da cidade, pela ambição de um certo comércio, sedento de grandes lucros. Refiro-me ao PAPAI NOEL e ao NATAL.
Aliás, da América Latina, é, mais frequente no Brasil, que aparece a figura, misto de "Lucifer-santo", atemorizando as crianças travessas e faltosas, prometendo-lhes varas de marmelo e, quase ao mesmo tempo, com um saco de brinquedos às costas, estende a mão aos guris comportados, oferecendo-lhes "bondosamente" presentes. Na maioria dos demais países sul-americanos, não encontramos Papai Noel distribuindo presentes no Natal, como acontece em nosso país.
A verdadeira tradição natalina rio-grandense é aquela em que se comemora o dia do nascimento de Cristo, diante de um presépio, com Menino Jesus na manjedoura, com burrico, vaquinha, ovelha, cânticos, anunciando a chegada dos Reis Magos... Este é o verdadeiro NATAL GAÚCHO Festa da família. "Dia de Navidad" como denominam os países de língua espanhola na América do Sul. Qual a razão do renascimento do culto de uma árvore, tão difundido entre os povos mais primitivos? De onde é, este tipo de pinheiro, estranho ao nosso, que se desenvolve em determinadas regiões do Brasil?
Imaginem só! No mais forte do verão, aqui, um Papai Noel vestido com grossas roupas de lã, capuz, todo respingado de neve, descendo, de botas, de uma chaminé ou sentado em um trenó, puxado por gamos... Velinhas e bolinhas coloridas completam os enfeites das mesas onde são servidas nozes, tâmaras, torrones, chocolates, ameixas secas, passa, etc, alimentos de alto teor calorífico, próprios para o inverno, em pleno clima europeu... Tudo isso num país tropical como o Brasil!!!
Entretanto, tentemos encontrar, na história universal das festividades natalinas, algumas explicações para o surgimento de certos acontecimentos, hoje vividos em muitos rincões do mundo.
O nosso homem do campo desconhece as comemorações do natal à maneira como hoje são usuais nas cidades, como uma árvore de neve, enfeitada, e de presentes ansiosamente esperados, com um Papai Noel atemorizando os guris travessos ou fazendo elogios ao bom filho. Isto não quer dizer que no campo os homens tenham se esquecido das mensagens cristãs de Natal, a entrada do Ano Novo e o Dia de Reis. Se o dia primeiro de janeiro é festivamente assinalado por um churrasco e "ressacas", não menos vibrantes são os festejos de Natal, com os "Ternos de Reis" - grupos musicais que anunciam, de rancho em rancho, de casa em casa, o nascimento do Salvador.
O objetivo desta visita varia de um terno para outro: alguns visam unicamente louvar a memória de Jesus Menino; outro terno visa propiciar aos cantadores uma doce retribuição ao desgaste de suas cordas vocais, através de fartos comes e bebes que os donos da casa nunca se esquecem de oferecer. Finalmente, há aqueles que, oprimidos pelas necessidades materiais que muitas vezes afligem nossos trabalhadores rurais, saem "pedindo os reis", na certeza de que ao menos no campo ainda não se esqueceram de toda as lições de fraternidade que Cristo legou aos nossos homens de bem.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
PADRE PAULO ARIPE, O "POTRILHO".
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
FUNDO DE INVERNADA
(Silvio Aymone Genro)
Fundo de Invernada
Fundo de invernada;
Lugar onde o tempo demora a passar...
Asilo do pago,
Cemitério de ossadas,
Daqueles que esperam sua hora chegar.
Onde os touros velhos
Remoem silêncios
E a solidão se esconde entre os caraguatás...
Os pássaros pousam
No lombo do gado
E até as diferenças convivem em paz.
Fundo de invernada,
Retiro esquecido,
Dos matungos velhos e sem serventia...
Onde a liberdade
É uma conquista inútil
De quem, preso às rédeas, já foi livre um dia.
Que estranho é o destino
Que leva a nós todos,
Pelo mesmo rumo que conduz ao nada...
E ao final da vida,
Bichos e gentes,
Acabam no fundo da mesma invernada.
Quando nosso mundo
Se cansa de nós
E condena todos ao mesmo abandono,
A própria esperança
Envelhece com a idade
E até da saudade não somos mais donos.
Fundo de invernada,
Rumo sem volta,
Onde os calendários negam-se a contar...
E as flores do campo
Enfeitam-se inúteis,
Pra os que já perderam o encanto do olhar.
Universo a parte,
Onde seca a poesia
E a lua no céu é uma lua, somente...
E até os por de sóis
Vão desbotando aos poucos,
Perdendo suas cores de antigamente.
Fundo de invernada,
Final de caminho,
Lugar onde cresce silêncio e capim...
Exílio daqueles
Que ficam sozinhos,
Último pouso antes do fim.
domingo, 19 de dezembro de 2021
OS PADRES POETAS
Como hoje é domingo mas não temos missa presencial, vamos falar um pouco sobre alguns padres versejadores da cultura gaúcha. Os vates sacerdotes. Eu conheci quatro, mas deve ter bem mais. O Padre Paulo Aripe, o Potrilho do Alegrete, o Bispo Dom Luiz Felipe de Nadal, Amadeu Gomes Canellas, ainda entre nós, e o Padre Pedro Luis, autor do livro O Gênio do Pampa, obra que guardo na cabeceira de meu catre. Todos integrantes da Estância da Poesia Crioula.
Durante a fundação da Estância da Poesia Crioula salientou-se pelas intervenções, todas fiéis aos princípios preconizados pela Igreja Católica, e pelas preocupações com a preservação da memória histórica e cultural do Rio Grande do Sul. Tenho do poema O Gênio do Pampa – Poema Gaúcho a terceira Edição (Santa Maria: Livraria Editora Pallotti, s/d), com IMPRIMATUR datado de 25 de abril de 1958.
sábado, 18 de dezembro de 2021
VOCABULÁRIO PAMPEANO
SEGUNDO JAYME CAETANO BRAUN
CULATRA
Culatra é parte traseira
da carreta, o recavém.
É retaguarda, também,
de uma tropa em movimento
que se vai cortando o vento
aos gritos dos culatreiros.
Também gritam os "costaneiros",
logo adiante seguidores.
Os dos flancos são "fiadores"
e os da frente são "ponteiros".
NEGAR O ESTRIBO
É o mesmo que a negada
do meu preto pangaré
na hora que ergo o pé
para montar a cavalo.
Negar acordo, abalo
da segurança e da fé.
Pode se dizer, até,
o faltar de um compromisso,
não terminar um serviço,
como quem dá marcha ré...
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
MEMBROS DA EPC QUE MARCARAM ESTA DATA
DE 17 DE DEZEMBRO
OBRAS
Romance: Clarissa(1933); Caminhos cruzados(1935); Música ao longe(1935); Um lugar ao sol(1936); Olhai os lírios do campo(1938); Saga(1940); O resto é silêncio(1942); O tempo e o vento: I - O continente(1948), II - O retrato(1951), III - O arquipélago(1961); O senhor embaixador(1965); O prisioneiro(1967); Incidente em Antares(1971).
Conto e novela: Fantoches(1932); Noite(1942).
Memórias: Solo de clarineta I(1973); Solo de clarineta II(1975).
Publicou ainda várias obras de ficção didática e literatura infantil, além de narrativas de viagens.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA
Costuma-se dividir a obra de Érico Veríssimo em três grupos:
1) Romance urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga e o Resto é silêncio. As obras desta fase registram a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas.
Desta fase destaca-se Caminhos cruzados, considerado um marco na evolução do romance brasileiro. Nele, Érico Veríssimo usa a técnica do contraponto, desenvolvida por Aldous Huxley (de quem fora tradutor) e que consiste mesclar pontos de vista diferentes (do escritor e das personagens) com a representação fragmentária das situações vividas pelas personagens, sem que haja no texto um centro catalisador.
2) Romance histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O continente), narra a conquista do continente de São Pedro pelos primeiros colonos e é considerado o ponto mais alto de sua obra.
3) Romance político: O senhor embaixador, O prisioneiro e Incidente em Antares. Escrito durante o período da ditadura militar, iniciada em 1964, denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Desta série destaca-se Incidente em Antares.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
ENTIDADES LITERÁRIAS CO-IRMÃS DA EPC
PARTENON LITERÁRIO
Da mesma forma que a Academia Rio-Grandense de Letras, o Partenon Literário não é uma entidade voltada exclusivamente para o regionalismo gaúcho. Contudo é inegável o pioneirismo e a importância que teve no contexto poético rio-grandense.
A Sociedade Parthenon Litterário foi criada em 18 de junho de 1868, num período de efervescência social e política, com a Guerra do Paraguai em andamento, as ideias republicanas em expansão e uma forte retomada do movimento abolicionista.
Sediada em Porto Alegre, contava com colaboradores de toda província, promovendo um intercâmbio cultural que impulsionou a intelectualidade da época. Sua criação foi centrada em duas figuras: o médico e escritor José Antônio do Vale Caldre e Fião, presidente honorário, e o jovem Apolinário José Gomes Porto-Alegre. Caldre e Fião além do apoio à iniciativa, emprestou seu prestígio pessoal, pois era autor conhecido. Já Apolinário foi fundamental com sua atuação e postura.
Seu surgimento permitiu o intercâmbio de informações, textos e ideias entre os autores membros, promovendo a circulação de matérias literárias em diferentes jornais que percorreram os mais distantes recantos do Rio Grande do Sul. Sua atuação ajudou a expandir a cultura dos gaúchos, oferecendo cursos noturnos para adultos, mostrando sua preocupação com a formação intelectual da população e criando uma biblioteca com importantes obras de Filosofia, história e literatura e um museu com seções de Mineralogia, Arqueologia e Zoologia. As aulas noturnas foram uma das atividades mais duradouras, permanecendo até 1884 quando, devido à dificuldades financeiras e falta de um local para abrigar as aulas, estas foram suspensas.
A Sociedade participava de campanhas abolicionistas, angariando fundos para libertação de escravos e propagava os ideais republicanos. Promovia também debates com temas diversos como a Revolução Farroupilha, casamento, pena de morte e feminismo.
Ao longo de sua existência funcionou em diversos locais, sem nunca ter tido sede própria. Em novembro de 1873, numa cerimônia em que estiveram o presidente da província, João Pedro Carvalho de Moraes e o bispo de Porto Alegre, houve uma primeira tentativa de fundação de um espaço próprio, em uma região, na época, distante do centro da cidade, que deu o nome a um dos atuais bairros de Porto Alegre, o Partenon. A sede seria onde hoje é a Igreja Santo Antônio. Outra tentativa deu-se em 10 de janeiro de 1885, com presença da princesa Isabel e o Conde D'Eu, lançou-se a pedra fundamental de um edifício que seria localizado na rua Riachuelo.
O Partenon Literário precedeu em 30 anos a academia Brasileira de Letras, publicando diversas obras, bem como a tradicional Revista Literária, ora em formato de livro, seu legado mais forte. A Revista circulou durante dez anos e continha críticas literárias, biografias, comentários, editoriais e estudos sobre a história e cultura gaúchas. Discursos proferidos na Sociedade eram depois transcritos para a revista, além de contos, narrativas, peças teatrais e poesias. Os textos mais longos eram divididos em diversas partes e publicados ao longo de diversos números.
Entre os membros de destaque da sociedade pode-se citar: Apolinário José Gomes Porto-Alegre, seus irmãos Apeles e Aquiles, Afonso Luís Marques, Alberto Coelho da Cunha (Vítor Valpírio), Antônio Vale Caldre Fião, Argemiro Galvão, Augusto Rodrigues Tota, Aurélio Veríssimo de Bittencourt, Bernardo Taveira Júnior, Bibiano Francisco de Almeida, Carlos von Koseritz, Francisco Antunes Ferreira da Luz, Francisco Isidoro de Sá Brito, Hilário Ribeiro, Inácio de Vasconcelos Ferreira, José Bernardino dos Santos, João Damasceno Vieira Fernandes, José Carlos de Sousa Lobo, Lobo da Costa, Múcio Scevola Lopes Teixeira, dentre inúmeros outros. Entre as mulheres se destacaram Luciana de Abreu,a primeira mulher a subir na tribuna para falar em público, Luísa de Azambuja, Amália dos Passos Figueroa e Revocata Heloísa de Melo.
A sociedade foi extinta por volta de 1925, mediante a doação de terreno que tinha obtido para a construção de sua sede, pois de fato já deixara de existir desde 1885 quando paralisou os trabalhos associativos.
Depois de 112 anos, reiniciou as suas atividades em 1997 a partir de um grupo de intelectuais interessados em prosseguir com os postulados dos próceres de 1868. Juridicamente, no entanto, apesar de dizer-se que a Sociedade reiniciou as suas atividades em 1997, o que houve, na verdade, foi a re-fundação da extinta entidade, ora dita em sua fase Século XXI.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
DIA DO(A) DECLAMADOR(A) GAÚCHO(A)
A lei que define o dia
15 de dezembro como o Dia do(a) Declamador(a) Gaúcho(a), foi sancionada pelo
Governador Eduardo Leite no dia 5 de agosto de 2019. Seus autores foram a deputada
Regina Becker e o deputado Dirceu Franciscon. A data do dia 15 foi escolhida
pelo nascimento de Darcy Fagundes da Silva, profissional da comunicação que
consagrou a declamação e a temática do regionalismo gaúcho na história do rádio
e da televisão.
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
DOCES LEMBRANÇAS
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
ENTREGA DA COMENDA "CAMINHOS DE ANITA"
sábado, 11 de dezembro de 2021
MOSTRA DE POEMAS
DO SEMINÁRIO POÉTICO-MUSICAL
DE PASSO FUNDO
AQUARELA PAMPIANA
Autor: Jerson Lima de Brito
Porto Velho - Rondônia
ENDUETANDO ASSOBIOS
Autor: Carlos Omar Villela Gomes
Nicolau Vergueiro - RS
EU TE PERDI
Autor: Rodrigo Bauer
São Borja - RS
LEQUES E RECADOS
Autora: Joseti Gomes
Gravatai - RS
MENSAGEM DOS REIS
Autor: Wilson Tubino
Porto Alegre - RS
NO GAUCHISMO E SEU CHÃO
Autor: Silvano Lyra
Olinda – Pernambuco
PARA PINTAR O CÉU
Autor: Adriano Lima
Tramandaí - RS
PUREZA
Autora: Suelen Mombaque Schneider
Nicolau Vergueiro - RS
SEM ELA
Autor: Rodrigo Canani Medeiros
Bom Jesus - RS
TRIBUTO A JAYME CAETANO
Autor: Marciano Medeiros
Natal - Rio Grande do Norte
Avaliadores: Luis Lopes de Souza (poeta), Romeu Weber (declamador) e Léo Ribeiro (poeta).
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João da Cunha Vargas nasceu em 28/12/1900 e não foi além das primeiras letras e, como ele mesmo costumava dizer, não era ‘muito manso de l...
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No dia 27 de fevereiro de 2011 faleceu o poeta Zeno Cardoso Nunes. Zeno nasceu em 15 de agosto de 1917 sendo natural de São Francisco de...